quinta-feira, 1 de maio de 2008

George W. Bush apoia produção de etanol apesar de crise alimentar mundial

“Estamos muito preocupados com a escalada dos preços da comida aqui em casa e muito preocupados com todos os que não têm o que comer no mundo”, disse hoje George W. Bush. Mas, em conferência de imprensa, sobre o estado da economia, o Presidente norte-americano disse que não acredita que o etanol tenha grande peso na inflação dos bens alimentares.

Para Bush a inflação do preço da comida é devida ao clima, ao aumento da procura e aos preços dos recursos energéticos. O peso da produção do etanol, baseada em milho, é mínimo.

“E o mais importante é que seja claro que é do interesse nacional que os nossos agricultores cultivem energia para que não fiquemos dependentes de outras partes do globo mais instáveis ou que não gostam de nós”.

Equipas de ajuda humanitária apontam o dedo acusador aos Estados Unidos que convertem um quarto da sua produção de milho em energia, tornando mais difícil a alimentação de gado e inflacionando o preço do cereal, dificultando o abastecimento aos países mais pobres.

Para o Presidente norte-americano o objectivo é fazer com que produtos agrícolas não alimentares possam ser convertidos em energia mas os investigadores afirmam que esse caminho ainda está longe.

Ontem Jean Ziegler, o mandatário da ONU para a alimentação propôs, numa reunião sobre a crise alimentar mundial, em Berna, suíça, que fosse imposta uma moratória aos biocombustíveis com base em cereais, para evitar uma escalada maior dos preços.

“Tempos duros” para a economia dos EUA

Para além da crise alimentar mundial e do papel dos Estados Unidos nesse problema, Bush falou ainda, nesta conferência de imprensa, do estado da economia dos EUA, que disse estar “muito lenta”, sem avançar com números que ele próprio diz desconhecer. “São tempos duros para a economia americana”.

Disse ainda que não está previsto mexer nas reservas estratégicas de petróleo uma vez que, segundo o presidente, isso não afectaria de sobremaneira os preços. Os EUA compram 67 mil barris de petróleo por dia. O resto do mundo compra 85 mil, segundo revelou Bush no seu discurso.

George W. Bush aproveitou ainda para tecer considerações sobre os pontos quentes da política internacional, acreditando que ainda possa existir um acordo israelo-palestiniano antes do fim do seu mandato: “Condi (Condoleezza Rice) ainda vai voltar ao Médio Oriente, já recebi o Presidente Abbas na Sala Oval e já falei com o primeiro-ministro Ehud Olmert. “Ambas as partes compreendem a importância de um Estado palestiniano”.

Bush falou ainda da importância da revelação do possível acordo nuclear entre a Coreia do Norte e a Síria (“sabemos mais sobre eles do que eles pensam”) e afirmou ainda que, no seu entender, a vontade do povo no Zimbabwe deve ser respeitada, invocando os resultados das eleições gerais de 29 de Março ainda por revelar oficialmente e que estão a mergulhar o país numa crise.

in Público (29/4/08)

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